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 Genealogia Internacional e
Padrões Rigorosos de Raça

Foram meus filhos os responsáveis por me despertar para essa fascinante raça, o Pastor de Shetland. Em 1983, assistindo televisão, já com cães de outras raças em casa, eles me pediram uma “Lassie”. Sabia que era impraticável ter um Collie dentro de um apartamento, apesar de ter ficado encantada com sua beleza e seu temperamento.

 

Fui atrás de alguma raça semelhante, porém menor, para presenteá-los. Depois de muita pesquisa braçal—pois naquele tempo a Internet não existia e executar esse tipo de procura era algo extremamente trabalhoso—tive meu primeiro contato com os Shelties.

Quanto mais avançava em minhas descobertas, mais ficava maravilhada por estes pequenos. Inteligentes, dóceis, companheiros, bonitos e obedientes eram algumas das principais características apontadas nos livros e revistas que vinham parar nas minhas mãos. Descobri, então, que existiam apenas dois criadores aqui no Brasil, com pouquíssimos exemplares e sem previsão de novas ninhadas. Decidi, assim, escrever para o American Kennel Club nos Estados Unidos, em busca de maiores detalhes sobre como obter um exemplar da raça digno das expectativas das minhas crianças.

Depois de muitas trocas de correspondências com diversos criadores norte-americanos, decidi ir àquele país para adquirir minha primeira Sheltie, a Katie, uma encantadora cachorra marta que cresceu junto com meus filhos e foi tratada por eles e por todo restante da família como uma pequena jóia.

Na minha empreitada no exterior, conheci os então criadores e juízes da raça Daniel e Clayre Gayle. Foram eles que me venderam Katie, filha do premiadíssimo Macdega The Piano Man. O casal e eu nos tornamos grandes amigos desde então, o que fez com que, três anos mais tarde, me presenteassem com mais uma cadela, a Jellybean, uma tricolor extremamente dócil e grande representante da raça.

Pouco tempo depois, as duas cachorras iniciaram campanha, se tornaram campeãs e começaram a nos presentear com ninhadas. No mesmo período, tive o prazer de conhecer o criador e juiz Antônio Costa Dalle Piagge, o Toninho, - até hoje um grande amigo - que na época também tinha um Sheltie importado, um lindo macho que passou a ser padreador para Katie. E como resultado de uma dessas ninhadas seguintes, minha cachorra trouxe ao mundo um belo filhote – que foi viver em Brasília, o Gold Strike of Telleshire, que se sobressaiu ao receber vários prêmios no circuito de exposições.

 

Sete anos mais tarde, Katie e Jellybean se aposentaram e eu resolvi dar um tempo. Era muito apegada aos meus cães e vê-los indo embora me causou muita dor. Em 2000, mais madura e com os filhos já crescidos, resolvi retomar minha grande paixão: criar Pastores de Shetland.

 

O regresso a esse mundo me trouxe também uma grata surpresa. Vi que durante esses anos em que estive afastada a quantidade de criadores sérios e criteriosos aumentou muito. Desta vez ajudada pela Internet, iniciei uma rede de troca de contatos e experiências extremamente positiva.

Mais uma vez, porém, o grande impulso para a retomada veio de minha amiga norte-americana Clayre, que me apresentou a juíza e criadora norte-americana Jean Simmonds, do canil Carmylie, profunda conhecedora da raça. Foi neste que pode ser chamado um dos centros de excelência de Shelties no mundo todo que adquiri a Teka e o Dino, ambos cachorros da cor marta.

Um ano mais tarde tive o prazer de conhecer o também criador e juiz Tom Coen, do canil Macdega, o mesmo do pai da Katie, onde adquiri o Kevin, meu primeiro bicolor. Para completar, feliz com o meu retorno à atividade de criadora, Toninho me presenteou com Naomi, uma cadela tricolor cuja principal característica é a extrema docilidade.

Esses quatro cães me trouxeram de volta, por todas as características já apontadas, a vontade de me desdobrar para ver a raça mais difundida no Brasil. Realmente não poderia ter ocorrido nada de mais positivo na minha vida. Voltar a conviver com esses animais foi um grande presente. E isso só foi possível porque durante todos estes anos eu sempre tive o apoio e a ajuda do meu marido, que tem estado do meu lado em todos os momentos.

Essa história e meu amor por eles é o que torna meu dia-a-dia ainda mais feliz. Hoje, além deles, a família conta com outros membros, como Lisa, Mary Jo, Luna, Dillan e Dolby. O último, inclusive, está sendo treinado para exercer a principal função da raça, que é pastorear ovelhas. Outro cão que é fruto de nosso canil e hoje de propriedade de Alexandre Nogueira é Sky, ou Telleshire Blue Sky, primeiro do ranking em 2004 e 2005 e com vários títulos nacionais e internacionais. E não me dou por satisfeita. Já estou trabalhando para ampliar essa família ainda mais com novas aquisições.

O Pastor de Shetland não só é uma raça encantadora como também nos proporciona a oportunidade de conhecer pessoas maravilhosas.

 
 

A decisão de construir um canil esteve sempre amparada na vontade pessoal de dar aos meus cães um ambiente mais do que saudável para suas vidas. O espaço foi projetado para abrigar os animais da melhor forma possível, com sete baias ultra-modernas de cerca de 25 metros quadrados cada, equipadas com bebedouros automáticos, camas almofadadas, telas anti-insetos, todo azulejado na parte interna e cimento queimado e inclinado na área externa.

 

O complexo de 130 metros quadrados, que ainda conta com banheira para cães com água quente e fria, equipamentos profissionais de lida com caninos, depósito para ração, farmácia e outros, está instalado num terreno de 10 mil metros quadrados, sendo boa parte de área verde, na cidade de Águas da Prata, que conta com uma das águas mais saudáveis da América Latina. 

Além das tradicionais baias, um centro de agility com 500 metros quadrados, com mais de quinze aparelhos distintos e infindável possibilidade de percursos é um grande diferencial. A raça tem bastante destaque nesta atividade aqui e no exterior e praticá-la dá enorme alegria aos Shelties e a seus condutores.